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29 setembro 2006

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Soul da Cidade
LETRA: ROGERIO SANTOS
MÚSICA: TONY "PITUCO" FREITAS
Ouça Aqui

Bicho, sou da cidade!
Sou mais um na correria
Sempre feliz
Sempre insatisfeito
Desequilibrado
Entre chuva e sol
Entre o necessário
E o essencial

Sou flex-power
Álcool, estricnina
Sinvastatina
Chopp, omeprazol
Soul da cidade bicho !

Bicho, sou da cidade!
Num feriado
É sempre carnaval
Acordo as três
Para fugir do trânsito
Então me jogo
Para o litoral
Chego à praia bem cedinho
Antes que se acabe
Todo cantinho
Para o guarda-sol
Copertone, caipirinha
Caladril e coisa e tal
Soul da cidade, bicho!

Soul da cidade
Ô bicho, eu sou da cidade
Da cidade de São Paulo

27 setembro 2006

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Enterprise
( Dedicado ao poeta Carlos Assis em dez/04 )

Letra: Rogerio Santos
Música, violão e voz: Tony "Pituco" Freitas
Ouça aqui

pelos meandros
da fria cidade
no mais seleto
anonimato
feito uma nave
roteiro inexato
segue Assis
na megacidade

segue Carlos
segue assim
segue assado

olha pro céu
não vê as estrelas
usa caneta
para descrevê-las
trabalha de dia
transpira poesia
segue Assis
na sagacidade

segue Carlos
segue assim
segue assado

vende o trabalho
ganha seu sustento
faz sem lamento
poesialimento
precisa do simples
no seu dia-a-dia
a sua verdade
não negocia

cegue Carlos
cegue assim
cegue assado

olha p´ro céu
e não vê a lua
mas não precisa
já é aluado
vê tudo embaçado
e com poesia
por entre os meandros
da monotonia

segue Carlos
cegue assim
cegue assado

vai ver a lua
vai ver as estrelas
vai ver o universos
de cards encantados
ninguém sabe como
a caminho do cosmos
pela janela
de sua enterprise

segue Carlos
segue agora
embarcado

22 setembro 2006

60




Contemplanar
ROGERIO SANTOS

enxergo
o
todo
nos
pedaços
de
ti
que
achei
pelo
caminho

inadvertidos
olhares
vertendo
no
sal
no
vento
nos
raios
crepusculares

14 setembro 2006

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Solicitude
ROGERIO SANTOS

pessoas tem um quê
de nave solitária
nas lembranças,
um tanque de combustível

surrado numa gôndola
de supermercado
palpita um gosto
de fruto tolhido

do canto da boca
brota um sorriso

mora num recanto
sereno da alma

um beijo estampado
em retrato antigo
corte transversal
no peito do tempo

cadeira de balanço
de cada indivíduo
a solidão esconde
açoite, mil faces

esquinas, olhares
lugares ambíguos

ao longe, na rua
o desconhecido

do canto da boca
brota um sorriso.

pessoas tem um quê
de nave solitária

11 setembro 2006

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Estação da Luz
ROGERIO SANTOS

todos os dias
na estação da luz
num sobe e desce
um mar de gente
se traduz

na mesma ânsia
de andar
um passo a mais
de ir em frente
prá chegar
noutro lugar

por esse ciclo
de caminho
demarcado
no mesmo horário
o mesmo som
de ladainha

tampouco importa
em que estação
chega esse homem
pelos trilhos dessa vida
como gado confinado
no suor pelo tijolo
da subconstrução

só busca a luz
da primavera
na estação

só busca a luz
da primavera
na estação

02 setembro 2006

57



Carro Anfíbio
Letra:ROGERIO SANTOS
Música: TONY "PITUCO" FREITAS

Todo ano, no verão
A estória se repete
Na primeira chuva forte
São Paulo vira uma enchente

São pobres perdendo casas
Avenidas alagadas
Meninos nadando em poças
Dezenas de cenas ingratas

Aí nosso bom prefeito
Interrompe seu rodízio
E todo bom cidadão
Vai andar de carro anfíbio

Um esperto tecnocrata
Tem brilhante solução
Fazer desassoreamento
Construir um piscinão

E nem bem começam as obras
Surrupiam um milhão
E vão entupir os bueiros
Numa próxima eleição

Se o lixo é sempre o mesmo
Os insetos sem asinhas
Passeiam de helicóptero
Apreciando a tardinha

" O barquinho vai...
a tardinha cai..."