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23 maio 2009

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foto: Juliano Beccari

Floramor
ROGERIO SANTOS
(inspirado em "harmonica pra fê" de Juliano Beccari)

minha estrada é de ser
armar o passo e seguir
cada frase antever
em cada acorde efluir

no sorriso de fê
mora a cor desse trem
floramor de viver

passageiro de fé
trilho cravado no sim
estações pra crescer
sem auras feitas de giz

de alegria compor
fazer mais um café
ir ficando de vez


14 maio 2009

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Gota
ROGERIO SANTOS

em serena aridez
um poema se esconde
onde verte uma lágrima
aflora uma fonte

e é fogo nas ventas da noite
que a lua se cansa
que o dia se apronte
de sal viuvez

o trilho atira na tez
a nave aclive na fronte
e eu falo que é bom
de tão bom outra vez

no copo um litro não dito
um quisto não calo não vítreo
avenca poema horizonte
na vela da gota
um Nilo se Fez

01 maio 2009

219



Solitário e Coletivo
ROGERIO SANTOS

não bem no ovo
estou de novo aqui
calado
também na casca
dos meus poros calejados
também distante
nesse instante relativo
no espaço que me exato
numa dúzia ou num quilo

não sei ao certo
se bem rato se bem homem
não sei ao certo
se cottage ou roquefort
sei da dança de quem dança
todo instante mal vivido
no espaço que me exalo
do perfume desse grito

minha lorota é de ricota
e meio diet
desnatada e sem açucar
feito gosto de abacate
a loucura que me invade
de silêncio e liberdade
é prisão e é saudade
sem perdão e sem juízo

e sou aquele onipresente
feito um cisco
feito traço de corisco
feito pluma quando baila
todo baile de quem dança
tendo riso por herança
como um choro compulsivo
solitário e coletivo