18 dezembro 2006
77
Monstro do Cobertor
ROGERIO SANTOS
( canção para ninar Letícia e Mariana )
lá na casa vizinha
mora um monstro que não existe
é o monstro do cobertor
( não existe, mais eu vi...)
dizem que esse monstro
apavora as criancinhas
com os seus dois superpoderes:
- ele toma a forma dos pés de quem quer
e atravessa as paredes.
14 dezembro 2006
76
09 dezembro 2006
75
Ervas Aromáticas
ROGERIO SANTOS
você que vai e vem no vento
e deixa esse cheiro no ar
arruda, guiné, manjerona
faz do meu reino pimenta
arrisca, apura especiaria,
coentro, noz moscada, açafrão,
faz de conta que sou uma fonte
e você passarinho a voar
camomila, alfazema, hortelã
busca o aconchego do ninho
ou mate sua sede por cá
gengibre, salsão, rosmaninho
mas se o rumo do vento virar
e o destino alterar o paladar
pétalas de rosa, anis estrelado
um aroma reinará nas madrugadas
nas folhas que orvalho molhar
sálvia, jasmim, erva doce
se um acalanto ecoar de mansinho
bem de mansinho, num quase murmurar
é o som do meu pranto no orvalhar
regando com calma um vasinho de ervas
06 dezembro 2006
74
04 dezembro 2006
73
Ano Novo
ROGERIO SANTOS
Quero a sensação que vem do cheiro de mato
Vento de dezembro traz um cheiro de mar
Lua, travesseiro das estrelas, de quem sonhar
Esquecer do tempo na distância da estrada
Quero me perder num ponto do litoral
Carregar o corpo e a alma no sabor desse sal
Ser o todo e mais além
Ser um porto para o bem
Saber navegar no som
Na cor das ondas buscar
Um tijolo dessa casa
Uma fruta desse quintal
O prazer de ter nos olhos
Todo brilho que puder encontrar
Todo fim de ano faz brotar a viração
Soltos, astrolábios, astronaves pelas mãos
Entre sete ondas; festejar, meditação
Içar velas pelo corpo - catavento coração
Veja esse sol, quanta luz
Abre essa estrada toda azul
Dei um passo e fui
Como uma nuvem conduz
Megawatts na elevação
Busque-me pelo ar
Só sai prá voar
30 novembro 2006
72
(Atrelado e inspirado no "Koan" do Pituco)
ESPELHO DE FRENTE PRO ESPELHO
O QUE REFLETE?
REFLETE O QUÊ?
ESPELHO DE FRENTE PRO ESPELHO
( Tony Pituco Freitas )
Reflexão
ROGERIO SANTOS
Os olhos do pobre refletem o medo
Os olhos do rico, pardieiro
Os olhos da puta refletem desejo
Os olhos de quem paga, desapego
Os olhos do menino refletem desespero
Os olhos de quem passa, apelo
Os olhos do padre refletem bueiro
Os olhos de quem peca, dinheiro
Os olhos da moça refletem veneno
Os olhos do sacana, tempero
Os olhos da desgraça refletem desprezo
Os olhos do preconceito, guerreiro
Os olhos do cantor refletem apreço
Os olhos da platéia, recomeço
Os olhos do pai refletem tormento
Os olhos do filho, desalento
15 novembro 2006
09 novembro 2006
70
( "Sobre Luz e Retrato" de Diego Rinaldi )
Composição
ROGERIO SANTOS
são tantos
os teus predicados
que de sujeito simples
passei a indeterminado
adjetivos escorrem
na tocaia da língua
trêmula trema trama
esse u que urdo
no exato espaço
entre um ponto final
e a próxima linha
por ora consoantes
deixo reticências
enquanto namoro
advérbios de tempo
lugar e intensidade
07 novembro 2006
69
(Foto: Rogerio Santos )
Letra: Rogerio Santos
Música: Floriano Villaça
É
O
Farol revela uma
O
Esconde
Num convite a
As
E o
A
A saliva
A
O
Por um
Há
Fazendo a
Sabor de
Lambendo o
Há lenda de
É
Limite para mergulhar
Na beira de um mar de amor
A estória encontra o destino
O homem virando menino
Segue firme em desatino
Sem medo de se afogar
06 novembro 2006
68
(arquivo de família - Lagares da Beira - Portugal )
Matuto
ROGERIO SANTOS
quando me chamam poeta,
reluto:
(isso é coisa de gente letrada)
não domino
cancela, balança, escotilha
não determino
gerúndio, pronome, cedilha
em palavras cruzadas
embalo balaio confuso
apenas pressinto
um poema jorrando
e sei bem
que não passo de um puto
30 outubro 2006
67
Feira Livre
ROGERIO SANTOS
nas cores da feira
a vida encandeia
no verde abacate
limão espinafre
amarelo mamão
lima-da-pérsia
vermelho tomate
caqui coração
lugar aconchegante
para olhar jabuticaba
tão denso de sonho
azulado sorriso
a morar indeciso
no papel da maça
pastel e garapa
entoam cântico:
tchiiiiiiiiiiiiiiiii
tátátátátátátá
sinfônico desejo
ter a fome saciada
por meio arco-íris
28 outubro 2006
66
23 outubro 2006
65
17 outubro 2006
64
Nação Piratininga
ROGERIO SANTOS
Tem Pirituba, Piqueri, tem Itaquá
Tem Jaguaré, tem Jaguara e Jaraguá
Tem Tremembé, Tucuruvi, tem Curuçá
Tem Sapopemba e Paranapiacaba.
Tem Mandaqui, Itaquera, Jaçanã
Tem Itaim, Cangaíba e Butantã
Tem Jabaquara, tem Moema e Sacomã
Ibirapuera, Tatuapé, Mairiporã
Carapicuíba, Itupeva e Barueri
Tem Utinga, tem Itu, Itapevi
Tem Cabreúva, Jarinu, Jacareí
Tem Taubaté, Itatiba, Tatuí
Tem Bertioga, Ubatuba e Caraguá
Tem Peruíbe, tem Iguape e Mongaguá
Itanhaém, Picinguaba e Itariri
Tem Icapara, Maranduba e Guarujá
Com Tietê, Tamanduateí e Cabuçu
Pirajuçara, Itororó, Baquirivu
Jurubatuba, Aricanduva e Pacaembú
Tem Cambuci, Ipiranga, Anhangabaú
06 outubro 2006
63
Seis e pouco
LETRA:ROGERIO SANTOS
MÚSICA: TONY "PITUCO" FREITAS
seis e pouco da manhã
de um dia normal
o rádio-relógio
dispara o sinal
semínimamente
sabe bem
do que estou falando
punhal sonoro
atingindo o sonho
pelas costas
seis e pouco da manhã
desse dia comum
reclamando
roubados
traço planos
(de)cadentes
e sibílo decassílabo
depois do café
"Inês é morta"
voando solto
pela aorta
29 setembro 2006
62
Soul da Cidade
LETRA: ROGERIO SANTOS
MÚSICA: TONY "PITUCO" FREITAS
Ouça Aqui
Bicho,
Sou mais um na correria
Sempre feliz
Sempre insatisfeito
Desequilibrado
Entre chuva e sol
Entre o necessário
E o essencial
Sou flex-power
Álcool, estricnina
Sinvastatina
Chopp, omeprazol
Soul da cidade bicho !
Num feriado
É sempre carnaval
Acordo as três
Para fugir do trânsito
Então me jogo
Para o litoral
Chego à praia bem cedinho
Antes que se acabe
Todo cantinho
Para o guarda-sol
Caladril e coisa e tal
Soul da cidade,
Ô bicho, eu sou da cidade
Da cidade de São Paulo
27 setembro 2006
61
Enterprise
( Dedicado ao poeta Carlos Assis em dez/04 )
Letra: Rogerio Santos
Música, violão e voz: Tony "Pituco" Freitas
Ouça aqui
pelos meandros
da fria cidade
no mais seleto
anonimato
feito uma nave
roteiro inexato
segue Assis
na megacidade
segue Carlos
segue assim
segue assado
olha pro céu
não vê as estrelas
usa caneta
para descrevê-las
trabalha de dia
transpira poesia
segue Assis
na sagacidade
segue Carlos
segue assim
segue assado
vende o trabalho
ganha seu sustento
faz sem lamento
poesialimento
precisa do simples
no seu dia-a-dia
a sua verdade
não negocia
cegue Carlos
cegue assim
cegue assado
olha p´ro céu
e não vê a lua
mas não precisa
já é aluado
vê tudo embaçado
e com poesia
por entre os meandros
da monotonia
segue Carlos
cegue assim
cegue assado
vai ver a lua
vai ver as estrelas
vai ver o universos
de cards encantados
ninguém sabe como
a caminho do cosmos
pela janela
de sua enterprise
segue Carlos
segue agora
embarcado
22 setembro 2006
60
14 setembro 2006
59
Solicitude
ROGERIO SANTOS
pessoas tem um quê
de nave solitária
nas lembranças,
um tanque de combustível
surrado numa gôndola
de supermercado
palpita um gosto
de fruto tolhido
do canto da boca
brota um sorriso
mora num recanto
sereno da alma
um beijo estampado
em retrato antigo
corte transversal
no peito do tempo
cadeira de balanço
de cada indivíduo
a solidão esconde
açoite, mil faces
esquinas, olhares
lugares ambíguos
ao longe, na rua
o desconhecido
do canto da boca
brota um sorriso.
pessoas tem um quê
de nave solitária
11 setembro 2006
58
Estação da Luz
ROGERIO SANTOS
todos os dias
na estação da luz
num sobe e desce
um mar de gente
se traduz
na mesma ânsia
de andar
um passo a mais
de ir em frente
prá chegar
noutro lugar
por esse ciclo
de caminho
demarcado
no mesmo horário
o mesmo som
de ladainha
tampouco importa
em que estação
chega esse homem
pelos trilhos dessa vida
como gado confinado
no suor pelo tijolo
da subconstrução
só busca a luz
da primavera
na estação
só busca a luz
da primavera
na estação
02 setembro 2006
57
Carro Anfíbio
Letra:ROGERIO SANTOS
Música: TONY "PITUCO" FREITAS
A estória se repete
Na primeira chuva forte
São Paulo vira uma enchente
Avenidas alagadas
Meninos nadando em poças
Dezenas de cenas ingratas
Interrompe seu rodízio
E todo bom cidadão
Vai andar de carro anfíbio
Tem brilhante solução
Fazer desassoreamento
Construir um piscinão
Surrupiam um milhão
E vão entupir os bueiros
Numa próxima eleição
Os insetos sem asinhas
Passeiam de helicóptero
Apreciando a tardinha
a tardinha cai..."
31 agosto 2006
56
30 agosto 2006
55
19 agosto 2006
54
Niterói
ROGERIO SANTOS
Contemplação
Pede equilíbrio
Navegação
Força de vento
No coração
Seguir a linha
Desse horizonte
Na própria mão
Nesse silêncio
Criar seu som
Água escondida
As vezes dói
Por toda lida
Ser negativo
Ser Niterói
Criando pontes
Pelo sentido
Pela aventura
Pelo sorriso
As vezes doí
Lançar olhares
Indecifráveis
Embarcações
Encouraçados
Por quem se foi
A moça impune
Solenemente
Vê pela frente
Um mar de sonhos
Por navegar
Esse horizonte
Tal como espelho
Tal como berço
Não nega amores
Braço-de-mar
13 agosto 2006
53
10 agosto 2006
52
( Musicado em 17/08/06 )
Ouça aqui na voz do Pituco
Torresmo na Madruga
LETRA: ROGERIO SANTOS
MÚSICA: TONY "PITUCO" FREITAS
Andando
Entre
Deu coceira na virilha
Só de lembrar onde estava
O metrô tava fechado
E caminhar até a República
Pra pegar o Morro Grande
Desviando dessa fauna?
Madrugada paulistana
Nevoeiro de outono
A fome que me abraçava
Aumentava o abandono
Lembrei do pernil do Estadão
Perto da Maria Paula
Mas era dura a missão
E meu dinheiro não dava
Lembrei do Café São Paulo
Onde às vezes encho a lata
Discutindo futebol
Com amigos de bravata
Mas essa é uma outra estória
E o Café tava encerrado
Mas por sorte ou por azar
Havia o boteco ao lado
Esse sempre nos salvara
Nas madrugadas perdidas
Quando o Café nos faltava
O velho "pé-sujo" acudia
Ali eu era de casa
Ali eu pagava fiado
Com ágio de trinta por cento
Mas era super bem tratado
Arrisquei um torresminho
Da mesma velha vitrine
Onde passou alguns dias
Aguardando o corajoso
E de trocar o meu chequinho
Acordei na enfermaria
Glicosando meu venoso
07 agosto 2006
51
50
( A primeira dança - Maria Fernanda Filardi Ferreira )
Valsa Etérea
Letra: Rogerio Santos
Música: Floriano Villaça
Vem
Vamos dançar
Em serenata
Cada passo
Que criei
Em ti
Vem
Vamos dançar
Mais uma valsa
Nossa taça derrubei
Em desespero eu vi
No chão
Que tudo é fim
Cacos de Paixão
Vis
Mas recriei
Nossa canção
Etérea sensação
Dançamos num salão
Chão
Tolo
De girar
Vou cambaleando
Cada passo que vier
É valsa por ti
22 julho 2006
49
( Pré-parceria e homenagem ao amigo Pituco )
( Em 07/08/06 Pituco musicou esses versos - emocionante )
Ouça aqui na voz do Pituco
Breque do Guioza
Letra:ROGERIO SANTOS
Música: TONY "PITUCO" FREITAS
( Para Pituco Freitas )
Quem se mudou para o Japão
Não renega jalapeña
Essa bossa ficou massa
Spaghetti com pimenta
Na dose exata
( Olha o breque ! )
Tenho um amigo lá da Móoca
Que cansou de comer churro
Um dia pegou o metrô
Foi parar na Liberdade
Gostou tanto de guioza
Que zarpou dessa cidade:
- De minha vida paulistana
As vezes sinto saudade
Nas férias ia ao Playcenter
Andar de montanha russa
Hoje que mudei para Tokyo
Me equilibro em terremoto
Cansei de " la dolce vita"
Viciei no ajinomoto !!!
( breque )
- Olha o Chuuuuurrrro, Signore !
19 julho 2006
48
17 julho 2006
47
Corpo Cidade
ROGERIO SANTOS
a casa
é o coração
da gente
a rua
a primeira
artéria
depois tem
a avenida
e o refluxo
que agita
a vida
na colméia
os olhares
e os cílios
toldos
varandas
sacadas
secretas
o bairro
é o pulmão
os arrabaldes
são rins
fígado
e traquéia
o centro
é o cérebro
a zona industrial
estômago
e a comercial
sistema nervoso
e cefaleia
o corpo
se move
e avança
no espaço
cotidiano
de pura
matéria
16 julho 2006
46
( ajeitando a lua - maria fernanda filardi ferreira )
Observatório
ROGERIO SANTOS
Um dia essa lua cheia
Posou na minha janela
Não por nenhuma aposta
Mas por trilhar seu caminho
Tomei um chá de sumiço
Para abafar o meu uivo
Guardar mais esse elogio
E disfarçar meu desejo
Ninguém escutou um pio
No meio da madrugada
Em meio aos raios lunares
Levita uma tênue resposta
Do maravilhoso astro
Imaginários lugares
Determinado em seu rastro
Serenos raios de olhares
12 julho 2006
45
( poema sobre foto de João Kaarah )
Encanto do mar
ROGERIO SANTOS
o encanto do mar
mora no pano de vela
costura de paus, cadafalso
em cada palmo salgado de alma
velacho alto, velacho baixo
mastaréu de joanete
mora nas ondas, no vento
nos contos de sereia
faróis e lua cheia
iara, albufeira
bujarrona polaca
estai de traquete
mora no exílio
no milagre dos peixes
na dor da partida inerente
sobregávea, sobre grande
ampulheta e torniquete
44
10 julho 2006
43
( letra para o tema " Sete de Ouros " de Marcelo Maita )
Sete de Ouros
ROGERIO SANTOS
( Compensa dizer
que temos um jogo prá viver )
Pelos rios dessa vida
Vi muito temporal
Sei com quantas canoas
- Sete de Paus
Nunca zombei da sorte
Quando ela me sorriu
Tive muitos amores
- Sete de Copas
Jogo com pouca carta
Mostro que sei blefar
Nunca fugi da briga
- Sete de Espadas
Na mesa do destino
Sempre joguei por ti
Fui garimpar um beijo
- Sete de Ouros
Todo trunfo
tem seu peso, amor
e nos convida
a aprender como jogar
Pelos rios dessa vida
Vi muito temporal
Sei com quantas canoas
- Sete de Paus
Nunca zombei da sorte
Quando ela me sorriu
Tive muitos amores
- Sete de Copas
Nunca fugi da briga
- Sete de Espadas
Na mesa do destino
Sempre joguei por ti
Fui garimpar um beijo
Comprei a boa
Acho que bati
06 julho 2006
42
04 julho 2006
41
Mundinho
Rogerio Santos
fui menino de rua
não desses que vejo hoje
daqueles que se divertiam
com brincadeiras vadias
esconde-esconde, pega-pega
queimada, pipa e balão
tratorzinho-de-lata-de-óleo
futebol nos campinhos de chão
formava fila na escola
cantava o hino nacional
o da bandeira também
ao ser hasteada no mastro
canoa dos anos setenta
plena e cruel ditadura
tristeza, medo e tortura
nos braços da guerra-fria
fui menino de rua
daqueles que se divertiam
com brincadeiras vadias:
- era feliz e não sabia
28 junho 2006
40
23 junho 2006
38
Conversa Ribeira
Música: ANDRÉA DOS GUIMARÃES
Letra: ROGERIO SANTOS
A melodia ecoa
trina o pássaro
tem cheiro de café
e bolo de fubá
Menino vem prá cá
é hora de banhar
arruma esse terreiro
que a noite vai chegar
O sino badalou
é hora de respeito
pensar na mãe do amor
no rumo desse vento
Na luz desse suor
que inunda o meu leito
mistura o sal do amor
com força de tormento
O cheiro no quintal
na chuva que bateu
na terra que molhou
o dia amanheceu
Menino vem prá cá
é hora de acordar
arruma tua cama
arranja esse bambá
O sino badalou
há missa na capela
rezar pro meu amor
voltar com alimento
Partiu na lua nova
no rumo desse vento
a lágrima derrama
na terra, o meu lamento
O cheiro no quintal
que hoje anda vazio
carrega o bem-me-quer
é pó no sal do amor
20 junho 2006
37
16 junho 2006
36
12 junho 2006
35
10 junho 2006
34
Cáucaso
ROGERIO SANTOS
mesmo
transpondo
montanhas
vencendo
terremotos
e cataclismos
mesmo
conhecendo
cada passo
que une
e separa
povos
mesmo
provando
o sabor do sal
do Mar Negro
do Cáspio
do Aral
jamais
trilharemos
caminhos
iguais
portanto
jamais
diferentes
caminhos
nunca
aceitando
outra língua
senão a que prova
nossa própria
saliva
06 junho 2006
33
08 maio 2006
32
05 maio 2006
31
03 maio 2006
30
Foto: Casa dos Prados, colhida na página do ORKUT do compositor Flávio Henrique
Casa dos Prados
ROGERIO SANTOS
Quero uma casa
Com varandinha
Cheiro de mato
Pelas manhãs
Quero uma casa
Cheia de verde
Com primavera
Pelos quintais
Quero uma casa
Feita de sonho
De onde veja
Meus horizontes
Quero uma casa
Cheia de amigos
Que seja abrigo
Que seja ponte
Quero uma casa
Que cheire a bolo
Que tenha rede
Que eu sinta a chuva
Quero uma casa
Morada simples
Com muito alpiste
Prá passarada
Quero essa casa
Com tanto amor
Que mesmo mudo
Eu lhe diga tudo