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03 outubro 2020

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Modinha do Adeus (dedicada a meu pai)
ROGERIO SANTOS
(para a melodia de Lucas Telles)

dedilhei meu violão - dilacerado
que um coração já tão cansado
pede licença pra parar
e se encantar

viver tem seu momento delicado
quando o presente é só passado
desilusão não alimenta ilusão

eu que me entrevei
em seu olhar de solidão
sinto amor, saudade, gratidão

eu que relutei
em te entregar numa canção
digo a dor, que não


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06 abril 2020

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Eternidade do verso
ROGERIO SANTOS

sempre que um verso nasce
a eternidade encarna a arte
sempre que um verso nasce
a eternidade encara a morte
e samba na sua cara
que a poesia é bem mais forte
que a sua face mais feia
na nostalgia de Cartola
na fantasia de Candeia
uma canção dita a sorte
de quem a vida semeia
vence a foice e a maldita
que a parceria é o norte
onde pulsa a melodia
mesmo que a matéria finde
como tudo finda um dia
renasce, samba e desafia
que nunca morre quem canta
a morte passa e a vida encanta

22 março 2020

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Pensata

o tempo escapa por entre os vãos dos dedos
as linhas das mãos são somente cicatrizes

08 março 2020

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Restinga
ROGERIO SANTOS

quem vai chegar e traduzir
quem vai soprar a melodia
quem vai jogar com toda cor
que vai florir

vem no ar a primavera
vem cantar Nuvem Cigana
tanto faz se o tempo é de chorar
se já não vale fingir

quem vai voar
contar com o vento?

quilhas no ar riscando o céu
dançam no azul as andorinhas
tem tanta vida por aqui
no fim de tarde há mais

Talha-mar em cantoria
João-de-barro encerra o dia
despertar pra hora de dormir
se já não cabe fugir

quem vai voar
contar com o vento?

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