Embate Gastronômico
ROGERIO SANTOS
Tenho um amigo vegetariano
Vejam vocês que aventura diferente
Logo comigo, um cara suburbano
Que sempre soube onde por os dentes
Me convidou para uma feijoada
Em sua casa lá na Vila Madalena
Eu tava duro e todo endividado
Sem pixo prá passagem eu vendi a antena
O gente fina prometeu-me emprego
Uma cutruca lá de balconista
Eu fui armado de pente Flamingo
E de Gomex com panca de artista
Experiência tenho de açougueiro
Matei cachorro a grito, vendi churrasquinho
Cheguei bem cedo com o meu currículo
Um olho no emprego e outro no petisco
Como era fraca aquela caipirinha
E o lero-lero foi só aumentando
O meu estomago não é de ferro
E minha fome me contrariando
Me senti em convenção de escoteiro
Achei estranho aquele lance todo
Topava um trampo até de coveiro
Que pelo menos eu tava almoçando
Mas foi um choque aquele acepipe
Com cara de torresmo mas com cheiro estranho
Num pururuca e nem tem os pêlo
Saquei a fita que tava rolando
Me expricaro que era de outro níver
Que era fino, coisa de muderno
Prá ser sincero nunca vi aquilo
Nêgo na fejuca envergando terno
O meu esôfago tava fechando
Sai dos trilhos, cheguei na panela
Foi quando vi que a carne de porco
Parecia esponja de lavar tigela
Em feijoada vegetariana
Tofu torresmo e tofú tô mesmo
Eu nunca vi porco feito de soja
E minha fome continua a esmo
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