desejo
Há 3 dias
A poesia é o sobretudo que me cobre. O lado de dentro e o lado de fora. Folha de cima é o nome das terras que eram cultivadas por antepassados de minha família paterna. Da mesma maneira, escrever, colocar minhas idéias viagens e experiências no papel ou armazená-las num sítio, é voltar ao cultivo de raízes das quais sou fiél depositário.
4 comentários:
Acredito piamente que o olhar do poeta transcende a superficialidade das coisas e dos momentos.
Nesse mister, a idéia germina e anseia por tomar corpo. Por isso é que somos portadores de efervescências.
Um forte abraço, Rogério.
Carlos
Caí aqui através do "Almofariz" ...e que grata surpresa!... A imagem que escolheste conjuga-se de modo feliz à tua escrita pulsante, pois a árvore-cabeça parece germinar e florescer-frutificar, incansavelmente, transbordando seiva vital, tanto quanto a alma do poeta apaixonado, em seu afã!
Aproveitarei para linkar teu blog, está bem?
Abraços alados,
Ana Luisa.
Análise de Maria José Limeira na lista Oficina Literária:
INCONTINENTE
Um texto de Rogério Santos
(Análise crítica)
Maria José Limeira
“Incontinente”, de Rogério Santos, é mais um daqueles
textos que enfocam o fazer poético, e o que a Poesia
provoca em seu autor. O poema abunda em metáforas,
como é de acontecer em todo texto poético que se
preze.
É um texto curto, em linguagem escorreita, sem
deslizes ortográficos.
Nem mesmo a “cabeça-de-vento”, muito usada na fala
popular, consegue prejudicar o todo deste poema lindo,
cujo título tem tudo a ver com o conteúdo do corpo da
matéria. Ao contrário! Deu-lhe até boa vida e grande
sentido!
Gostei muito.
(Maria José Limeira é escritora e doce jornalista
democrática de João Pessoa-PB).
............
Análise de Maria João na lista Oficina Literária:
Em poucos versos, Rogério Santos apresenta-nos o destino do poeta: viver em
permanente desassossego. Na primeira estrofe, o sujeito poético interroga-se
perante o combate diário que trava "com a poesia" ("... porque teima / ao
transbordar todo dia?") Na segunda estrofe, está bem patente a inquietação
do poeta, a sua "cabeça-de-vento" não lhe dá tréguas, não tem outro remédio
senão "içar velas".
Na verdade, a desejada (?) "calmaria" não está ao seu alcance. Ela foge da
poesia como o diabo da cruz.. O poeta não tem férias, não pode apaziguar o
mar agitado e tempestuoso em que navega, a sua vida é um barco sem rota
marcada, sem hora de partida e de chegada e nem o vento nem a maré o levam a
porto tranquilo, rotineiro, onde ele se possa limitar, apenas, a existir, a
ser mais um número das estatísticas, pois a sua "loucura" não o permite.
Para cúmulo, ele tem a difícil tarefa de transformar a palavra em "flor que
fura o asfalto"...
Com este desabafo, Rogério Santos levou-me até Miguel Torga, imortal poeta
que, um dia, sentiu necessidade de descansar, de ter umas férias de quatro
dias sem ler, escrever, pensar, sofrer, amar... E deitou-se "em cima duma
fraga" (...), com o "maldito livro de notas a cem quilómetros" dele!
Pois é... mas não só aqueles quatro dias foram " dias inúteis, vazios,
opacos, em banho-maria", como depois quis alcançar, na prosa e na poesia, "a
dignidade e a força descarnada das fragas, a pureza e a largueza dos
horizontes que delas se descortinam (...)".
Poeta "não tem jeito mesmo", não é verdade? E a luta começa "mal rompe a
manhã" e continua "nas ruas do sono", como disse Drummond, no belíssimo
poema "O lutador". Ele tem mesmo de "içar velas". Tanto pode navegar à
bolina, no mar da sua inquietação, como subir ao mastro.
Neste poema, Rogério Santos subiu ao mastro. Parabéns!
Maria João
Postar um comentário