Visualizações

29 abril 2007

99


( foto by Rogério Castro )

Serra do Cipó
ROGERIO SANTOS

a vegetação rupestre
ganha força na intempérie
um grito na face da pedra
no sopro constante do vento

um sabor de gabiroba
no gosto da chuva que verte
beijando esses poros perenes
formando pequenas piscinas

o ciclo da vida é inscrito
parindo um jardim de bromélias
prá floração de catavento
as cascatas são artérias

27 abril 2007

98


( foto by: Paulo Rodrigues )

Tomada
ROGERIO SANTOS

sobre as janelas
um ponto de vista
:vida em movimento
quadro em mutação

22 abril 2007

97



Nasce um poema
ROGERIO SANTOS

Um poema nasce
na letra,
na agulha,
na linha,
na fresta

nasce no pê,
nasce no a;
na pá

nasce do tê
de quem erra;
na terra

"em","a","na",
aros e elos,
palavra que emana

nasce da paz,
nasce na luz;
fotossíntese

retrato sutíl
sem arestas
ou estas
em fúrias domadas

fecundar um poema
exige trama de sons;
de eis, de ás,
de ois, de seis;
rir em erres abstratos;
sorveres, absorveres

perceber que a chuva
é - chúúúúú-vaaaaa !
palavra molhada de som
a escorrer pelas frestas do corpo

destilar as trovas
da trovoada,
navegar, rebuscar,
hai-cais

bater uma laje;
poema concreto

:um grande soneto
faz-se na face,
velando-se
o sono de um neto

10 abril 2007

96


Palavra Viva
ROGERIO SANTOS

é viva a palavra
que desabrocha
é cachoeira
que sobe morro
e verte poema
que corta que sangra
que enfeita soleira
que é luz lâmpada
céu cumieira
suave nuance
cristal prateleira
vistoso farol
de paixão fevereira
é viva a palavra
que dança que chora
devora as dores
e faz ventilar parideira