30 junho 2007
108
H2O
ROGERIO SANTOS
bebo-te em demasia
num gole violento
sedento
na ressaca do dia
escorres
pelo canto da boca
hidratas a garganta
em quase asfixia
estancas o tempo
unguento
mareias o leito
num brinde à orgia
não cabe ferrolho
alimento
antídoto catavento
por detrás da gelosia
27 junho 2007
25 junho 2007
106
105
20 junho 2007
104
Prisma
Música: Floriano Villaça
Letra: Rogerio Santos
tece o céu quando escurece
pomos matizes na noite
tão azuis as constelações
turmalinas lapidadas
ajeitando a madrugada
para o olhar da minha amada
e o amor dentro da alma
deixam prisma de arco-íris
simbiose delicada
joga luz por toda estrada
para o olhar da minha amada
no silêncio desse encontro
guarda o brilho do desejo
deixa trilha pontilhada
feito cauda de cometa
meu olhar segue esse rastro
através da longa estrada
corre estrela por estrela
até virar madrugada
na manhã da minha amada
e se em plena madrugada
através da longa estrada
guarda o brilho do desejo
até virar madrugada
feito cauda de cometa
meu olhar segue esse rastro
no silêncio desse encontro
corre estrela por estrela
deixa trilha pontilhada
na manhã da minha amada
18 junho 2007
103
Embate Gastronômico
ROGERIO SANTOS
Tenho um amigo vegetariano
Vejam vocês que aventura diferente
Logo comigo, um cara suburbano
Que sempre soube onde por os dentes
Me convidou para uma feijoada
Em sua casa lá na Vila Madalena
Eu tava duro e todo endividado
Sem pixo prá passagem eu vendi a antena
O gente fina prometeu-me emprego
Uma cutruca lá de balconista
Eu fui armado de pente Flamingo
E de Gomex com panca de artista
Experiência tenho de açougueiro
Matei cachorro a grito, vendi churrasquinho
Cheguei bem cedo com o meu currículo
Um olho no emprego e outro no petisco
Como era fraca aquela caipirinha
E o lero-lero foi só aumentando
O meu estomago não é de ferro
E minha fome me contrariando
Me senti em convenção de escoteiro
Achei estranho aquele lance todo
Topava um trampo até de coveiro
Que pelo menos eu tava almoçando
Mas foi um choque aquele acepipe
Com cara de torresmo mas com cheiro estranho
Num pururuca e nem tem os pêlo
Saquei a fita que tava rolando
Me expricaro que era de outro níver
Que era fino, coisa de muderno
Prá ser sincero nunca vi aquilo
Nêgo na fejuca envergando terno
O meu esôfago tava fechando
Sai dos trilhos, cheguei na panela
Foi quando vi que a carne de porco
Parecia esponja de lavar tigela
Em feijoada vegetariana
Tofu torresmo e tofú tô mesmo
Eu nunca vi porco feito de soja
E minha fome continua a esmo