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31 janeiro 2006

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Apostador
Rogerio Santos

um triplo
compensa
a custa
quando
a dúvida
é subita
e o prazer
é múltiplo

27 janeiro 2006

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Elipse
ROGERIO SANTOS

Voltar é utopia
nem com ene
tentativas
se atinge
o mesmo
ponto

É melhor
seguir adiante
caminhando
em passos lentos
porque a Terra
é redonda

25 janeiro 2006

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Manteigas - Portugal

Serra da Estrela
ROGERIO SANTOS

O queijo da Serra da Estrela
enche o paladar de imagens
e mastigo prazenteiro
todo charme de Lagares.

A neve que bate em meus olhos
e mora no topo da Serra,
namora comigo nos sonhos,
discreta, molhando meu rosto.

Não sei se derrete em seu tempo,
ou se brota de nascente,
escondida nos caminhos
do chão que me leva a Manteigas.

O pão, os enchidos e o vinho,
ao som da guitarra do fado,
fazem festa nos sentidos,
recolhem-me por essa aldeia.

24 janeiro 2006

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Icarhus by Nuno Gomes

Voando por sobre as cabeças
ROGERIO SANTOS

O poeta impresso em folha
não tem rosto.
Tem falha,
tectonismo, aposto.

Cada linha num sentido
faz crescer a cordilheira.
E o poeta como um anjo,
pode ver a Terra inteira.

No mirante imaginário,
o poeta agora é mudo.
Cria asas, contemplando,
salta em crase e acento agudo.

Voando por sobre as cabeças,
suas asas circunflexa.
E o poeta se espatifa
e ri a beça.

( Para o poeta João Andrade )

19 janeiro 2006

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Ensaio sobre a linguagem

ROGERIO SANTOS

Não chores por alguém que não te lê
Embora possa ser desses amores
E mesmo num sorriso que não dê
Espalhe tuas frases pelos ares

E quando num delírio, sem querer
Ensina-me a sonhar com catedrais
Ou quando claramente faça ver
Recado posto em letras garrafais

Nem mesmo nessa língua de você
Estrelas vão brilhar em esperanto
Por simples que se possa parecer
São flores semeadas noutro campo

A vida rodopia e não se crê
Que somos conduzidos nesse baile
E a cor da melodia não se vê
Como te leria, fosse em braille