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11 junho 2010

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Gomes & Gumes
ROGERIO SANTOS
(para Artur Gomes)

o gume da brisa avisa
que Artur, bardo rei
sua poesia metralha
entre o calçado e a calçada
entre o mar e a muralha
da musa de tanga a cangalha
bala fala de navalha
dos entrefolhos, bocas
& beco das garrafas
suculentos poemas em pets
cruza Crusoé sete mares
moura pepita de pirita
onde quem cala naufraga
Artur é enxada
minhoca danada
é espada cravada
na fenda da palavra
(e ai de quem pedra furada)

03 junho 2010

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(essa já nasceu canção)

Bicho-da-Seda
ROGERIO SANTOS

hoje eu sei (não sei, pensei) é dia feriado
aquela saudade bateu
é quando eu me himalaio
incontinente porém poente espraio
por quanto oriente no breu um verso entalho

vem das alturas do muro Pequim
deuses que sabem não sabem de mim
rondam os pirineus e os apeninos
guardam olhares que vi e no free

mundo de metros
mundos e fundos
mundo teco teleco teco
do muro de Berlim

leva-te leve uma ave avião
leve te leva em qualquer direção
diz oriente e me queimo qual fósforo
livre docente em carência no trópico

leva-te leve uma ave avião
leve te leva em qualquer direção
diz oriente e me queimo qual fósforo
bicho-da-seda no estreito de Bósforo

traz seu casulo pra perto de mim

01 junho 2010

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Stand by
ROGERIO SANTOS

é denso o silêncio na noite

vai alta a madrugada
e a insônia toma a casa

pequenas luzes da tv em stand by
sombras de samambaias
clarão no branco dos olhos

na boca gosto de laranja
resquício de suco industrial
de engolir comprimido

deve haver algum jeito
de encarar o travesseiro
de acalmar os neurônios
de chegar ao novo dia

na cabeça um vazio
no vazio um martírio
no martírio um motivo
no motivo energia

pálpebras de samambaia
um breve e leve cochilo
são meus olhos em stand by