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22 agosto 2007

120



Dormente
ROGERIO SANTOS

avante
colcha-de-retalhos
no leito do trilho
no chão da calçada
no vão da mortalha
na cegueira branca
no dom da preguiça
na beira da praia
num ponto esquecido
tira transversal
logotipo adiante
o dormente

16 agosto 2007

119



Elegância
ROGERIO SANTOS

a elegância
vai muito além
da aparência

apresenta toques florais,
amadeirados
imunes a percepção
de qualquer olfato

brilhos vitrais
multicoloridos e invisíveis
nuances e tons
com uma dose prima
de sinceridade

a elegância é um conjunto
e toca nota por nota
uma doce melodia
até invadir todo espaço
e por para bailar os sentidos

13 agosto 2007

118



Incontinente
ROGERIO SANTOS

travo uma luta diária
com a poesia:
- porque teima
em transbordar todo dia?

minha cabeça-de-vento
persiste em içar velas
não dando espaço à calmaria

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Jardim de Poesia
ROGERIO SANTOS
( para Andréa Motta )

quando
um
cataclismo
encontra
um
jardim
de
poesia,
desvia.

10 agosto 2007

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Meio-Fio
ROGERIO SANTOS

Asfalto
A água bate forte
Busca o fundo do vale
Desce ladeira
Bueiro entupido
Uma criança brinca na corredeira
Com barquinho de papel

A água não escolhe caminhos
Arrasta o barquinho
Arrasta a criança
Cruel geografia
Da vida por um fio

Da janela do edifício
Uma família acompanha
Arrasta os olhos
Não pode fazer muita coisa
Uma lágrima no ar

Sirenes e luzes
Aprontam a luta
Na boca da noite
Pressentindo a escuridão
A cidade grita
Atrai carniceiros

Entre nuvens indecisas
Lamúrias, lamentos
O tempo melhora
Mas não para todos

O rio arrasta uma vida
Triste canto do tiê