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30 julho 2008

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Pavio
ROGERIO SANTOS

a saudade
é um pavio aceso
e nos transporta
inerente
qual no trilho um trem
dormente e dormente

inércia queimando
o que era futuro
e arde linha tênue
fração de segundo
e num instante "puft"
jaz barbante

no fim de toda linha
o que fica é a saudade
e a cinza não apaga
candente marca
desassossegada

26 julho 2008

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Olho nu
LÍRIA PORTO/ROGERIO SANTOS

as manhãs são loiras
as tardes são ruivas
as noites morenas

o sol
fica doido
a lua
rói as unhas
e o vento atrevido
que lambe de leve
a perna
das moças
aquece a libido
provoca umidade
hálito de chuva
& arco-íris

com essa atmosfera
todo cuidado
...todo cuidado
......todo cuidado
.................é pouco

num piscar de olhos
vamos nós
nus & naus
rodopiando
em zona
de alta pressão

12 julho 2008

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(foto: Janaína Menegaz)

Folha de Cima
ROGERIO SANTOS

olho uma folha que vai
no rio corrente
uma só folha que vai
buscando o mar

porque é preciso sonhar
e navegar
porque é preciso sonhar
banho de mar

em toda folha há de ter
a vida urgente
uma só folha é de ler
e tracejar

porque é preciso sonhar
e navegar
porque é preciso sonhar
beira de mar

quero uma folha também
vou embarcar
uma só folha me dêem
e rumo ao mar

porque é preciso sonhar
e navegar
porque é preciso somar
contas de mar

e não importa chegar
não é urgente
o que importa é o ato
de embarcar

nada é urgente demais
para adiar
em cada folha pintar
cores de mar

01 julho 2008

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(foto: Cátia Rocha)

Balada das Ondas do Mar
ROGERIO SANTOS

o amor contém o mar
como a flor namora o mel
e a abelha o girassol

passeia no som paladar
um banquete de fonemas
quitutes de doce ilusão

molhar os lábios de sal
champagne sabor borboleta
mal-me-quer meu querubim

bem-me-quer te quero bem
onde há amor há o mar
pleno de luz no habitat

onde a rima faz morada
abelha poeta ferrão
se quer amor quer o mar

se quer a flor quer o pão
mal-me-quer te gira sol
bem-me-quer meu coração