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22 novembro 2014

508



Perto
ROGERIO SANTOS

(musicado por FHERNANDA FERNANDES)

perto é distância
perto, tem chão
quando por perto
tem solidão

quando por perto
tem os meus olhos
na tua pele
perto das mãos

perto é tão longe
perto é talvez
perto é amarra
que não se desfez

quando por perto
paira uma dor
feito um aperto
feito de amor

perto um apelo
do meu coração
só quer o sim
distante do não

19 novembro 2014

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(foto de João Paulo Gonçalves)

Beira de Lagar (3° poema)
ROGERIO SANTOS

outono no ar
as folhas esperam pelo chão
as folhas se espalham
espelhos de um voo temporão

qual folha que voa para o não
na "Folha de Cima" sinto o ar
da terra nos olhos de meu pai
que foram morar noutro lugar

a folha cultiva meu olhar
no chão de uma "beira de lagar"
é o voo do sonho de meu pai
no ar, já no céu, perto do chão

é folha tão boa de bailar
as folhas já sabem que voltar
é verbo que não se aplica mais
e cuidam de borboletear

13 novembro 2014

506



Na Conde de Irajá
ROGERIO SANTOS

Tenho um amigo de grande coração
Que nunca pôs os pés num hospital
Troca o dia pela noite e o violão
Paga o dobro e manda outro em seu lugar

Dia desses teve uma palpitação
Ao ver uma morena requebrar
Foi sururu desses de enturvar visão
No botequim lá da Conde de Irajá

Aí não teve jeito, nem deu pra correr
Quando o bicho pegou e a ambulância lá
- Quem chama o doutor? Quem manda chamar?

Ele que é do samba e nunca negou
Mesmo vivendo essa extrema situação
Pediu pelo Belmiro o seu perdão
E cochichou em um tom particular

“Eu prefiro até morrer no chão
Do que ir prum corredor de Hospital
Se for a hora, me leva pro São João
E no velório é pra servir “Original”

Aí não teve jeito e nem deu pra correr
Quando o bicho pegou e a ambulância lá
- Quem chama o doutor? Quem manda chamar?

Foi aí que alguém gritou – ollvide
Quem dá conta é o doutor Carlos Gomide
No dedilhado de mulher, de violão
Esse sabe tudo de anestesiar

Foram chamar o distinto doutor
Que tranquilão fez logo se chegar
E como tal, deu logo solução
Porque o samba não pode parar

Não sei ao certo como o caso acabou
Mas essa história eu tinha que contar
“Doce de Côco”, “Água de Beber”, "Sei lá"
...sei não.

Sei que a morena
Ele arrastou pra outro lugar...