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Châtelet
ROGERIO SANTOS
sopro um poema
na ilusão impossível
de navegar as águas do Sena
e flechar o coração
da musa distraída que flana
- linda e plena
/
Palavra Empenhada
ROGERIO SANTOS
no prego
deixo as palavras que me restaram
com o trocado
compro uma passagem de ida para pasárgada
...um dia eu volto e resgato
...faço um livro e distribuo de graça
...faço uma letra de canção e canto
deixar minha poesia para esses usurpadores?
...nem morto!
/
Réquiem para um rio
ROGERIO SANTOS
tem um rio que atravessa no meu peito
tem um rio que atravesso - não tem jeito
todo dia; e mais dia, menos dia; sem efeito
tem um rio que reclama por respeito
tem um rio que ainda nasce como sempre
tem um rio que remorre lentamente
tem um rio de silêncio que se move, rio de gente
tem um rio que apanha do afluente
rio de safena de concreto
rio onde peixe passa reto
rio que o dinheiro fez esgoto, fez dejeto
é um rio que envergonha o que é correto
tem um rio, rio de culpa, rio de resto
tem um rio por quem choro nesse verso
é um rio de descaso, objeto predileto
dessa farsa que eles chamam de progresso
/