A poesia
é o sobretudo
que me cobre.
O lado
de dentro
e o lado
de fora.
Folha de cima é o nome das terras que eram cultivadas por antepassados de minha família paterna.
Da mesma maneira, escrever, colocar minhas idéias viagens e experiências no papel ou armazená-las num sítio, é voltar ao cultivo de raízes das quais sou fiél depositário.
segue a vida, caminho de rio, por entre mistérios de colinas e florestas, insetos e aves, medos e meandros, que não impedem o que vai desaguar no mar. o azul é imenso, engole e carrega sonhos e mágoas, domador de tempos e velocidades, minimizador de ruídos. é grandeza de conteúdo sem tradução, despreza os sentidos e afoga palavras e silêncios. o curso da vida é um poeta, e o mar, é uma mulher quando canta.
(1) Foi como mergulhar Numa abissal brasileira Pronta pra despertar Quando o sono revela
Sábia de me iludir Inventar a verdade Ser, não ser, perder, procurar E perguntar: quem sabe?
(2) Na hora de entregar O meu olhar de querela Décimo quinto andar Vou saltar da janela
Pensam que vou cair? Sou mulher e arandela Sei brilhar e vou flutuar A valsa vai por ai
Refletir as estrelas Ser o chão às avessas E na copa de uma sumaúma Um trapézio de cordas falsas Pra enfeitar a praça E o viço que virá, seguirá Mesmo se o mundo esquecer Alguém dirá: - Ir e vir, ir e vir Seguir!
(3) Quando for decifrar Minha aflição paralela Ninguém há de calar Tão sutil primavera
Canto pra resistir E ganhar a cidade Conhecer pra desconhecer Entreconhecer pra reconhecer