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02 abril 2019

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Ilustre desconhecida
ROGERIO SANTOS

(1)
Foi como mergulhar
Numa abissal brasileira
Pronta pra despertar
Quando o sono revela

Sábia de me iludir
Inventar a verdade
Ser, não ser, perder, procurar
E perguntar: quem sabe?

(2)
Na hora de entregar
O meu olhar de querela
Décimo quinto andar
Vou saltar da janela

Pensam que vou cair?
Sou mulher e arandela
Sei brilhar e vou flutuar
A valsa vai por ai

Refletir as estrelas
Ser o chão às avessas
E na copa de uma sumaúma
Um trapézio de cordas falsas 


Pra enfeitar a praça

E o viço que virá, seguirá
Mesmo se o mundo esquecer
Alguém dirá: - Ir e vir, ir e vir

Seguir!

(3)
Quando for decifrar
Minha aflição paralela
Ninguém há de calar
Tão sutil primavera

Canto pra resistir
E ganhar a cidade
Conhecer pra desconhecer
Entreconhecer pra reconhecer

Contos de ir e vir
Contos de ir e vir


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