Pelo Cano
ROGERIO SANTOS
canta Cantareira
dá pó na garganta gritar tuas fontes
que sina de morte de lama te cala
que lama de sina de morte me fala
-"não vais faltar, não vais faltar"
tomba a minha casa
teu chão que me hidrata um sol que te arrasa
que sanha que tipo de peixe te empala
que cena que pira que piracema te rapta
- "não vais faltar, não vais faltar..."
canta Cantareira
na voz sufocada de mil carpideiras
um cisne que nada na última gota
que rola do rosto feito cachoeira
- "não vais faltar, não vais faltar..."
tomba a minha casa
Na TV, na ilusão, na mentira do não
Na questão dos papéis do último pregão
Na certeza do tiro que fecha o caixão
- "não vais faltar, não vais faltar..."
até hoje, amanhã, ou no próximo ano
um cano é o que sobra para o paulistano.
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